A prova...

E agora, o relato de toda a experiência.

No sábado, às 18:00 estávamos em Paredes, à porta do secretariado. Não estava lá ninguém. Fizemos um telefonema para confirmar se estávamos no lugar certo, e estávamos. Lá falamos com uma pessoa que por acaso, era o presidente do Clube TT de Paredes, Antero Bessa.

Começamos à conversa acerca do CNN e lá nos lembramos de perguntar o que era verificado nas verificações técnicas. Na nossa ingenuidade, pensamos que iam ver se os carros tinham seguros e IPO. Mas não. Começa o Antero:

Antero: Caixa de primeiros socorros.
Nós: Não.
Antero: Extintor.
Nós: Não.
Antero: 2 cintas, 2 manilhas.
Nós: Não, não.
Antero: GPS.
Nós (todos contentes): Sim!
Antero: Guincho?
Nós: Não.
Antero: Não faz mal
Nós: Ufff!

Felizmente não houve muito rigor nesse dia, e após alguns telefonemas asseguramos o material que seria então apresentado no dia seguinte, antes da prova. O Pena pediu ao irmão para comprar uma caixa de primeiros socorros e um extintor no Jumbo. Eu já tinha uma cinta e manilhas e socorri-me do Rui Silva para a segunda cinta, que felizmente não foi precisa.

(Obrigado a todos).

Dia seguinte, estamos no secretariado às 06:30 em ponto. São-nos devolvidos os GPS com os pontos marcados, dão-nos as duas cartas militares do percurso, a 123 e a 134 (a de Paredes era muito óbvia, oh pessoal dos treinos :)). É-nos também entregue uma série de folhas com as fotos que temos de reproduzir em cada ponto.

Em seguida, são afixadas as mesmas cartas numa parede com os pontos marcados, assim como os controlos horários de partida, de chegada e neutralização. O pessoal passa os pontos para as cartas militares que foram distribuídas às equipas e começamos a delinear estratégias.

Bem. Era só profissionais. Pessoal com folhas de excel impressas onde começaram a colocar os pontos que iam fazer, as pontuações de cada ponto, as estratégias, etc. Marcadores fluorescentes de várias cores para marcar na carta os diversos percursos...

Eu e o Pena tínhamos um marcador e uma caneta preta. Os nosso percursos eram marcados com setas na carta militar :)

Interessa agora explicar a questão dos pontos. A prova consistia em 54 pontos. Nem todos os pontos têm a mesma pontuação. Existem alguns pontos "normais" que valem 100 pontos. Depois existem grupos de pontos. Individualmente, estes últimos podem representar a mesma pontuação que os "normais". Mas no caso de se efectuar todos os pontos de um grupo de pontos, há uma bonificação de 50%. Confusos?? Um exemplo prático:

Havia um grupo de 3 pontos a que se chamou "Água". Eram o ponto 3, o 23 e o 37. Tinham em comum o facto das fotos serem junto a água.

O ponto 3 valia 100 pontos.
O ponto 23 valia 100 pontos.
O ponto 37 valia 200 pontos.

Quem fizesse cada um destes pontos individualmente, recebia a pontuação de cada um deles. Quem conseguisse fazer os três pontos, recebia a soma dos 3 pontos e uma bonificação de 50% do total soma dos pontos.

Além destes pontos, existem pontos que só podem ser feitos em determinado horário. Era o caso dos pontos TV1 e TV2.

O ponto TV1 só podia ser feito entre as 10:00 e as 11:00.
O ponto TV2 só podia ser feito entre as 12:45 e as 14:15.

Além da questão dos pontos, somos também informados das estradas interditas. Não podíamos usar a A4, e duas estradas nacionais. Ou melhor, podíamos usar, desde que não fosse por mais de 300 metros. Isto dá jeito para o caso de ter de se atravessar uma estrada interdita para ir a um ponto que esteja no outro lado da estrada.

Mais. Nas localidades a velocidade máxima é de 50 km/h e de 70 km/h fora destas. Isto é controlado por um aparelho que é-nos colocado no topo do carro e que envia a informação para a organização. Se ultrapassarmos a velocidade máxima estabelecida, temos 10 segundos para voltar à velocidade "legal".

Para ajudar mais um bocadinho, havia um ponto de Neutralização. Este ponto é obrigatório para todas as equipas. Entre as 12:00 e as 14:00 todas as equipas têm de passar 30 minutos neste ponto, com o carro em parque fechado. Aqui aproveita-se para almoçar. Se uma equipa chegar às 13:31, é desclassificada, pois não consegue passar os 30 minutos em parque fechado antes das 14:00, por isso é crucial não atrasar.

Ou seja... Tudo isto junto, dá uma grande confusão na altura de delinear uma estratégia. Nós lá decidimos fazer (ou tentar fazer) 4 estratégias (MCoutinho, Marcos Geodésicos, Vizinhos e Miradouros).

Tudo muito bonito e decidido e lá fomos para o Controlo Horário de Partida. Ás 09:00 em ponto, é dada a partida. Os mais experientes, e que levam aquilo mais a sério, partiram disparados e iam para os mesmos pontos que nós.

Primeira mudança de estratégia."Não vamos para o meio da confusão!" Andamos às voltas durante algum tempo e lá demos com o caminho para chegar ao primeiro ponto (WP05). Chegados ao local, a ideia é tirar uma foto o mais parecida possível com as fotos que nos foram entregues no início da prova tendo em conta o enquadramento, a posição do carro, do piloto, etc:



Os pontos eram muito variados. Alguns no meio do monte, outros dentro de localidades:





Devido à nossa inexperiência, parece que exageramos na tentativa de tirar fotos quase iguais às que nos tinham sido dadas no início. Só para terem uma ideia, na foto abaixo, fomos a única equipa até a altura (e acho que só faltavam duas) que efectivamente tirou os sapatos e meteu o pé dentro de água (o que até nem foi mau, se compararmos com a segunda foto abaixo, tirada antes da neutralização):



Piloto sofre, não é, Pena? :) :)


Após o início atribulado, o resto da manhã correu bem e conseguimos fazer cerca de 20 pontos.





As expectativas eram altas para o período pós-neutralização, mas o mau planeamento (e a inexperiência) fizeram com que só conseguíssemos 4 pontos de tarde. Isto porque deixamos os pontos mais afastados para a parte da tarde (13:30-16:00), quando esta foi bem mais curta que a da manhã (09:00-13:00). Ainda por cima estávamos a afastar-nos no Controlo Horário de Chegada (CHC)e quando demos por ela, eram 15:20 e estávamos muito longe da chegada. Quem não chega dentro do horário previsto, é desclassificado.



Consegui convencer o Pena que não havia hipótese. Tínhamos de ir para o CHC, sem qualquer desvio ou seríamos desclassificados. Infelizmente, não havia hipótese de completar nenhuma das estratégias a que nos tínhamos proposto. Pusemo-nos então a caminho do CHC tentando respeitar os limites impostos. Íamo-nos lixando por causa de uma banda que estava prestes a iniciar o desfile por uma estrada , no exacto momento em que passamos. Se chegassemos 30 segundos depois, provavelmente não teríamos conseguido passar por eles e continuar a nossa viagem.

Com muito nervosismo à mistura, chegamos ao CHC às 15:56. Que alívio! Missão cumprida. Ou talvez não. Havia a questão das velocidades. Para chegar a tempo, em alguns períodos, ou por não sabermos se estávmos dentro de localidade, ou por necessidade, excedemos os limites previstos e poderíamos ser desclassificados.

Pelo menos para mim, foram 3 horas e tal de algum nervosismo, sem saber se íamos ser desclassificados ou não.

Finalmente, após o jantar, foi anunciado que ninguém tinha sido desclassificado pela velocidade e a partir daí, sim. Relaxei e fiquei com a sensação de dever cumprido, mesmo sem saber a nossa posição na tabela de classificação.

Quando anunciaram o nosso 5º lugar, foi a alegria total! Nem queria acreditar! Ficamos à frente de equipas mais experientes. Fizemos melhor que a equipa que segue (ou seguia) em terceiro lugar no campeonato, pois não chegaram a tempo ao CHC e foram desclassificados.

Para mim, a participação numa etapa do CNN foi um sucesso total. Consegui atingir um dos meus objectivos estabelecidos quando comprei o meu Range. Não foi com ele, mas sim com um Defender que acabei por fazer esta etapa, mas não interessa.

Estivemos lá e devemos voltar (se a situação financeira assim o permitir)!!

Agora o meu agradecimento ao Rui Pena por me ter convidado a participar com ele nesta prova. O homem conduziu aquele Defender como se não houvesse amanhã, sempre com muita mestria e total confiança nas capacidades do seu carro. Eu só dizia: "Não vás por aí! Não sobe. Não faz. Tem calma (não valia a pena partir material)".

Eu dizia aquelas coisa e ele metia o carro na mesma. E não é que passou tudo? O carro foi a todo o lado. Era só apontar.

Ficam agora duas imagens do carro e da equipa:





Um agradecimento também a todo o pessoal que participou na prova e que nos foi dando algumas dicas.

And last, but not least, aos Invictus que nos acompanharam nos treinos. Muito obrigado pela ajuda, apoio e companheirismo!

Num futuro próximo, devemos efectuar mais algumas saídas TT neste formato. Escolhemos umas cartas militares, marcamos pontos e vamos à procura deles. Quem quiser nos acompanhar é bem vindo. Estejam atentos ao blog que anunciaremos essas saídas.